segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Nostalgia

Nostalgia...
Que invade o meu coração...
Aperto invisível, contínuo,
Que suga sem perdão,
Sem trégua, sem compaixão.
Olhar perdido no horizonte,
Palavra ausente...
Sorriso por encomenda,
Saudade, desespero...
Do passado, do presente.
Nostalgia...
Sai e fecha a porta,
Desamarra o meu coração,
Leva contigo este sufoco...
Solta a minha alma,
Liberta-me pouco a pouco.
Nostalgia...
Deixa-me sonhar...
Deixa-me sentir a vida,
Não alimentes a ferida...
Aquece esta noite fria,
Liberta-me...
Deixa-me... nostalgia!

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

A felicidade existe...

A felicidade existe...
Na luz dos teus olhos,
No toque da tua mão,
No teu beijo apaixonado,
No diário da nossa paixão...
A felicidade...
Encontrei sem procurar,
No teu olhar, no teu sorriso...
Nas palavras por medida,
Tu chegaste, tu entraste...
Lentamente na minha vida.
E a felicidade...
Construímos, vivemos...
Hoje, agora...
Com o coração,
Com a alma,
Com a mente...
A felicidade existe...
Seu nome é Presente!
(cacharel)

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Partiste...

Partiste...

Fechaste os olhos...
Lágrimas sentidas escoaram,
Suspirei, gritei fortemente...
Era o vazio dos que amaram.

Partiste...

Dádiva de vida, perda de vida,
Abandono inesperado,
Dor ganha, alegria perdida,
Coração despedaçado...

Partiste...

E tudo escureceu...
Num mundo despovoado e obscuro,
Dor infinda, dor permanente,
É urgente um porto seguro...

Partiste...

Levaste uma vida...
Os sonhos, as conquistas,
Sem final, sem saída...

Deixaste sem clemência,
O amor, a amizade,
Tudo na saudade...

Morte injusta, impiedosa,
De mistério infinito,
Dor infinda, dolorosa,
Alma sombria, coração aflito.

Eu sei, eu sei...
Tu partiste, Eu fiquei!
(cacharel)

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Passeio no Norte

Domingo cinzento e propício ao aconchego do sofá...
Mas resolvi contrariar as tendências do tempo e fui passear pelas estradas do norte da Madeira.
Olhei o mar agitado, senti o nevoeiro e a maresia, o reclamar da natureza pelo brilho do sol, o horizonte que parecia mais longe...
Por vários momentos fiquei imóvel só a observar...
E registei algumas imagens do meu olhar longínquo...

(Arco de São Jorge - Santana)

(Ponta Delgada - São Vicente)


(Ponta Delgada - São Vicente)


(Boaventura - São Vicente)

(São Vicente)

domingo, fevereiro 11, 2007

Saudade


Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida ...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido...
(Pablo Neruda)

Neste domingo de referendo e muito cinzento, deixo-vos este lindo poema de Pablo Neruda. Para quem já conhece, estas são das leituras que vale sempre a pena relembrar e reflectir. Para quem ainda não teve a oportunidade de ler, um mimo de domingo para a vossa alma, que por vezes morre de saudades...

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

O que fazer no dia 11 de Fevereiro?


No dia 11 de Fevereiro, os portugueses vão votar na seguinte pergunta:
«Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?»
Televisão, jornais, internet, conversas de café... todos os assuntos terminam em "aborto". Não aguento mais tanta impugnação de argumentos, tanta propaganda deturpada, enganadora... com o intuito de levar os menos atentos, ingénuos ou mal informados a acreditar em histórias sensacionalistas, que fogem muito ou completamente ao teor da questão. Politicamente, prevalece as leis governamentais e os interesses dos governantes.
Para nós independentes dos actos políticos, não é fácil entrar num tema destes sem pensar e reflectir muito sobre aquilo que diz e futuramente ter a certeza daquilo que vai fazer no dia 11 de Fevereiro. Quando o assunto é a VIDA e a LIBERDADE HUMANA.
Não sou mãe mas tenho plena consciência que toda a mulher que um dia decide fazer um aborto de livre e expontânea vontade, usa toda a sua força física e psicológica, toda a sua coragem. Porque, independentemente do acto doloroso e penalizante que pratica, está em jogo uma série de riscos que se gravam para sempre na sua vida pessoal, social e psicológica.
Todos os anos continuam a se praticar ilegalmente milhares de abortos no nosso país. Isto é um facto inquestionável. À custa deste "negócio" há quem enriqueça e há quem morra. Há quem fique traumatizado para o resto da vida por falta de acompanhamento médico e psicológico, há quem não possa ter mais filhos pelas infecções irremediáveis...
Será que acabando com estes abortos clandestinos, não vamos ganhar mais vidas? Será que despenalizando aquilo que actuamente é feito a "sete chaves", não haverá ninguém que ajudará uma mãe desesperada a encontar soluções, outros caminhos para aquilo que é o maior pesadelo ou trauma da sua vida? Será que não salvamos ou contrariamos aquilo que parece já estar resolvido? Será?
Depois do referendo de 1998, o "Não" ganhou, a lei continuou igual e os milhares de abortos clandestinos continuaram. Nada mudou.
E todos os dias nascem crianças, crianças que não foram desejadas, crianças negligenciadas, crianças maltratadas, crianças carenciadas, crianças abandonadas na esquina, crianças humilhadas, espancadas e violadas... num mundo onde a preocupação principal é apedrejar a mãe que movida de forças maiores não pode trazer um filho ao mundo.
Há que se consciencializar que o crime não é só não trazer um anjo ao mundo. O crime já começa no momento que penalizamos alguém por aquilo que faz, sem tentar entender ou saber o porquê de tal acto indigno. Mais fácil incriminar que ajudar, mais fácil jogar pedras do que apresentar soluções, mais fácil argumentar do que dar uma mão...
Pois, neste referendo eu não posso ser contra o direito à VIDA . O tesouro mais precioso que todos nós temos. Por outro lado, não vou ser contra os direitos humanos e neste caso o da liberdade de uma mãe sem possibilidades de sair do país para resolver o dilema mais difícil da sua vida. Uma mãe que seja ela quem for, merece ser ouvida, compreendida e ajudada.
Ninguém duvida que cada um destes direitos representa algo de essencial na dignidade humana. O específico no debate do aborto é que cada um deles, sendo fundamental, se opõe ao outro que é igualmente fundamental. Assim, de certa maneira, ao defender um se está implicitamente a menosprezar o outro. Isto é que torna esta questão tão angustiante.
É preciso escolher uma resposta e ela, qualquer que seja, tem sempre implicações terríveis...
Não me admiro nada que no dia 11 de Fevereiro tanta gente opte pela abstenção.
Eu estou angustiadamente a reflectir sobre o que vou fazer. O mais certo é aguardar até à hora de marcar a bendita cruz e nesse momento, quem sabe nesse preciso momento alguém me mostrará o caminho, uma luz virá em meu auxílio e a minha consciência me segrederá o que fazer...